domingo, 1 de março de 2015

Dizer a Imagem 8: Mais nada

 
Um corpo agarrado ao pó da terra, colado pelos membros às tábuas outrora árvores, ao artifício antes natureza. E a treva.
Um olhar que se eleva, arregalado na mão estendida, gesto que se desprende da carne num sonho de transcendência. E a luz.
Há uma luz vinda do alto, que desenha este corpo na treva que o abraça. Um recorte de esperança num mergulho de aflições. A existência. E mais nada.
E recorda-se Caravaggio, o tenebrismo da vida, a luz rasante do sonho. A existência contada no malabarismo da arte. A arte.
Fotografia. A arte.
E mais nada.
 
(Fotografia de Jorge Figueiredo, na apresentação de O Poder e o Desejo)

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